A Escovagem dos Dentes e as Crianças
A partir do momento que o primeiro dente rompe a gengiva, torna-se obrigatório iniciar-se a escovagem dentária.
É importante que a escovagem seja feita com uma escova de dentes e não com uma dedeira de silicone. As dedeiras de silicone usam-se quando ainda não existem dentes na cavidade oral, servindo para massajar a gengiva e aliviar os sintomas aquando da erupção dentária. A escova de dentes a utilizar deve ter uma cabeça pequena, para poder chegar a todos os dentes e suas superfícies, e as cerdas devem ser macias, para não provocar desgastes dentários e lesões nas gengivas.
Em relação à pasta dentífrica, esta deve ser fluoretada e deve conter uma concentração de 1000ppm de flúor. Este parâmetro é decisivo na escolha da pasta. Pastas com concentração inferior a este valor não estão indicadas.
A partir do momento que a criança sabe cuspir pode começar a utilizar uma pasta com uma concentração de flúor igual a 1450ppm, mas convém ser avaliada por um odontopediatra.
Qual a quantidade de pasta que devemos colocar na escova de dentes?
Para além da escolha da escova e da pasta de dentes, a quantidade de pasta utilizada também é muito importante:
- dos 0 aos 2 anos de idade deve ser igual a um grão de arroz cru
- dos 2 aos 6 anos deve ser igual a uma ervilha
- a partir dos 6 anos deve preencher o comprimento da cabeça da escova, aproximadamente 1cm.
Por os bebés não saberem cuspir, os pais, muitas vezes, por receio, por falta de informação ou por informação incorreta, não usam pastas dentífricas fluoretadas ou simplesmente não fazem a escovagem dentária.
Para ser ultrapassado o limite tolerável de flúor numa criança com idade inferior a 3 anos teria de ser feita a escovagem dentária 13 vezes por dia. Assim sendo, esse medo que os pais têm não faz sentido existir, porque nenhuma criança faz a escovagem esse número de vezes.
A escovagem deve ser feita pelo menos 2 vezes por dia: de manhã, depois do pequeno almoço e à noite, antes da criança ir para a cama.
É muito importante que à noite a criança não coma depois da escovagem, porque se existir a presença da bactéria Streptococcus mutans (bactéria responsável pela doença cárie dentária), então a sua atividade irá aumentar e, estando a produção de saliva diminuída, os dentes ficam mais suscetíveis ao aparecimento de lesões de cárie.
A escovagem dentária deve ser monitorizada pelos pais até por volta dos 9 anos de idade, altura em que a criança adquire uma melhor destreza manual que permite fazer uma escovagem eficaz.
Durante a escovagem dentária, todos os lados dos dentes devem ser contemplados:
- as superfícies vestibulares (que contactam com os lábios e bochechas)
- as superfícies palatinas e linguais (que estão viradas para o céu da boca e língua)
- e as superfícies oclusais (que usamos para mastigar).
É importante definir uma ordem na escovagem e fazer sempre da mesma maneira, assim o risco de ficar algum dente ou superfície dentária esquecida é menor. No final da escovagem dos dentes é necessário escovar a língua.
De seguida as crianças que conseguem cuspir devem fazê-lo, para retirar o excesso de pasta. As crianças mais pequenas, bebés incluídos, que não sabem cuspir engolem a pasta e, tal como já foi referido, não tem mal nenhum, desde que tenha sido utilizada uma pasta de dentes na concentração de flúor e quantidade corretas. Para que a escovagem seja eficiente, ou seja, a escova chegue a todas as superfícies dentárias de todos os dentes, deve ser feita por um período de 2 min.
Falta falar nas superfícies interproximais (entre os dentes). Por muito eficiente que seja a escovagem, quando os dentes contactam, os pêlos das escovas não conseguem higienizar estas zonas e, por este motivo, a partir do momento que a criança tem dois dentes a contactar lateralmente um com o outro, torna-se importante o uso do fio dentário.
Como já foi referido, a escovagem dos dentes deve fazer parte da rotina do bebé a partir do momento que erupciona o primeiro dente. Para além deste procedimento contribuir para a prevenção da doença cárie dentária, permite criar um momento de brincadeira entre pais e filhos e promove a normalização de um hábito que fará para sempre parte das suas vidas. Como diz o velho ditado “de pequenino é que se torce o pepino”.